Principais objetivos
Os principais objetivos do GO olivicultura e Azeite foram:
-Avaliar a resposta das cultivares “Cobrançosa”, “Negrinha de Freixo”, “Madural” e “Verdeal Transmontana” a diferentes estratégias de rega deficitária (rega deficitária contínua ao longo do ciclo; rega deficitária controlada) em termos do crescimento vegetativo, produtividade, qualidade da azeitona e do azeite;
-Avaliar os impactos económicos das diferentes estratégias de rega;
-Avaliar o desempenho dos sistemas de rega instalados para melhoria da eficiência da rega e também para a melhoria da eficiência do uso da água pela planta, ajustando a frequência e as dotações;
– Avaliar o efeito combinado da fertirega (N e K) nos tratamentos de rega máxima e de rega deficitária contínua, na performance da planta;
– Estudar a evolução da relação FRF (força para a remoção dos frutos)/P (peso dos frutos) ao longo do período de maturação, nas diferentes cultivares e estratégias de rega para uma melhor definição do período ótimo de colheita do binómio cultivar vsestratégia de rega.
– Avaliar a eficiência de colheita mecânica (relação percentual produção colhida/produção total).
Principais resultados
O maior conforto hídrico das plantas submetidas ao tratamento de rega plena (100 % da ETc) teve efeitos positivos no seu desempenho fisiológico. Contudo, os tratamentos de rega deficitária (60 % da ETc) apresentaram uma eficiência do uso da água mais elevada que os tratamentos de rega plena (100 % da ETc) devido à menor quantidade de água aplicada sem diferenças significativas na produtividade. Nesse sentido, a estratégia de rega deficitária é determinante para uma maior sustentabilidade do regadio no olival e em particular no olival destinado à produção de azeitona de mesa.
Embora estatisticamente não significativa, observou-se um maior crescimento dos frutos nas modalidades com maior dotação de rega e maiores níveis de azoto.Apesar das tendências observadas, os resultados obtidos não permitem avaliar, de forma robusta e consistente, o efeito do regime hídrico e da fertirrega na composição da azeitona ao longo da maturação. Relativamente à frequência da rega observou-se que as modalidades com menor frequência de rega, em geral, foram os que apresentaram maior produtividade.
O teor em gordura em relação à matéria seca (massa azeite/massa seca de azeitona, %) foi afetado negativamente pelo défice hídrico em todos os modalidades de rega deficitária. Nas estratégias de rega deficitária controlada, ou seja, no RDI100 e no RDI60, os resultados levam-nos a refletir que o período final de endurecimento do endocarpo tenha sido sobrestimado e o início da acumulação de azeite tenha sido subestimado. Não era expetável que no tratamento RDI100 existissem diferenças importantes no teor de gordura. Por outro lado, os resultados também parecem indicar que a estratégia de redução do volume de água na fase menos sensível ao défice hídrico (o endurecimento do caroço) deva ser ajustada para o tipo de solos da região de Trás-os-Montes, caracterizados por serem solos delgados e pobres em matéria orgânica e com baixa capacidade de armazenamento de água. Esta fragilidade merece um estudo mais aprofundado em projetos de investigação futuros que permitam continuar os trabalhos iniciados com este projeto. A resposta da oliveira à rega e estratégias de rega deficitária requer um espaço temporal alargado (no mínimo 8-10 anos), bem superior à duração deste projeto. Estas particularidades limitam muito a extração de conclusões robustas, se não existirem outras oportunidades de continuar os trabalhos de investigação.
As estratégias de rega deficitária controlada parecem ser promissoras no que respeita à economia de água durante a estação de rega, pelos bons resultados de produtividade de azeitona alcançados, bem como por uma melhor qualidade do azeite no que se refere a compostos antioxidantes e vitamina E em relação à rega plena e às modalidades de rega deficitária continua.
Os resultados deste estudo permitiram verificar que a estratégia de rega deficitária controlada (RDI60) permite alcançar a sustentabilidade olivícola no caso da cv. Madural e na região de estudo, uma vez que a receita líquida média dos três anos, foi 23% superior à obtida no tratamento de rega plena (100%ETc) e com uma redução dos custos com a rega em 64% nos dois biénios, permitindo assim uma maior poupança da água numa região com elevada escassez deste recurso natural.
Relativamente à influência das modalidades de rega na colheita mecânica da azeitona, os resultados apresentados não mostram alterações significativas nos parâmeros relativos à mecanização da colheita, em consequência das diferentes modalidades de rega.